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Entrevista com Jorge Barrote

 

Entrevista com Jorge Manuel Soares Dias mais conhecido
por Jorge Barrote

Entrevista: Paulo Luís Ávila
Foto de: José I. Ferreira
Adiaspora.com
Julho 2009

 



Jorge Barrote, como ele quer que o chamemos, nasceu no dia 3 de Agosto de 1936, na freguesia de Santa Luzia, de Angra do Heroísmo, Ilha Terceira, Açores. De trato afável e brincalhão é um cidadão normal, que se passeia pachorrentamente pela cidade de Toronto para onde emigrou no ano de 1965. Figura ímpar da época áurea do Sport Clube Lusitânia, fez parceria na defesa com o internacional Faialense Mário Lino, teve a amabilidade de em conversa informal, nos contar um pouco da sua vida e das suas memórias como futebolista. É essa conversa, que abaixo reproduzimos, antecipadamente agradecendo a disponibilidade e a simpatia por ele demostrada, para com o nosso jornal, acedendo amavelmente ao convite formulado pela nossa redacção.

Entrevistando Jorge Barrote

Paulo Luís Ávila – Porquê o nome de Jorge Barrote?
Jorge Barrote – O meu nome era no futebol conhecido como Jorge Barrote e em Angra ninguém conhecia o Jorge Dias. Era assim conhecido, porque era filho do João Barrote, meu pai. Ele tinha uma estância de madeiras, junto ao Recreio dos Artistas e quando comecei nos juniores do Lusitânia ninguém me conhecia senão pelo filho do João Barrote, mas o meu primeiro nome é Jorge. Hoje em dia nem com água quente me tirarão este nome, aqui mesmo no Canadá, se alguém perguntar por Jorge Dias, ninguém me conhece, mas tenho muito gosto em carregar este nome, porque é da família de meu pai e sou o único filho que o tem.
PLA - Conte-me a sua experiência de vida como homem e como cidadão?
JB – Tive sempre um pouco de sorte na vida, principalmente na parte de futebol, porque me arranjaram um emprego na Secretaria Notarial de Angra do Heroísmo, onde estive durante 14 anos e depois emigrei para o Canadá em 1965, com a idade de 28 anos e desde então aqui estou neste país que me acolheu de braços abertos, onde hoje tenho a minha família de roda de mim, filhos netos, tudo o que um homem ambiciona a ter, eu tenho graças a Deus.

Jorge Manuel Soares Dias

PLA - Não lhe pesam os 72 anos que já tem?
JB – Ainda nunca me pesou a idade. Sou uma pessoa enérgica, porque sempre trabalhei toda a minha vida e, aqui no Canadá nunca tive um dia sem trabalhar. O primeiro trabalho que tive cá foi em limpezas 15 dias e depois fui para uma fábrica de bonecas, onde estive um ano e depois fui para a The Havilland Aircraft, em Downsview e essa fábrica deu-me a vida. Trabalhei lá durante trinta anos e hoje tenho lá um filho, um irmão, uma sobrinha e, também já lá tive um cunhado. O melhor tempo da minha vida foi enquanto lá trabalhei.
PLA – Quais os clubes que representou?
JB – O único clube da minha vida foi sempre o Sport Clube Lusitânia, os Leões de Angra. Joguei nos diversos escalões e naquele tempo para se jogar na primeira categoria, passe a vaidade, tinha-se que ser bom mesmo.

Equipe do Lusitânia Jorge Barrote em cima à esquerda na foto

PLA – Qual foi o jogador que mais o impressionou quando jogou no Lusitânia?
JB – Da minha equipe, o Lusitânia, o Angelo Faria era um excelente jogador para ensinar. Nunca tratava ninguém por tu. Era sempre por Senhor. O primeiro foi o Lino e depois o André, dois jogadores brilhantes. O Lino, joguei com ele dois anos e éramos inseparáveis. O Lino era um companheiro e ainda hoje é um dos meus maiores amigos e merece-me todo o respeito e consideração, porque ele também tem por nós e nós devemos retribuir na mesma moeda e eu faço-o sempre. O Lino foi sempre muito batalhador. Ele veio do nada e foi o que foi. Houve muitos atletas que foram para o Continente, mas aquele vingou por si próprio e subiu da primeira classe para a segunda, para o Liceu e para a Universidade sozinho e sinto-me bastante satisfeito por ele e hoje ele é um amigo com grande classe. O Rafael I, o Manuel Teixeira, o Couto, o Alberto, o Pira, os Gastões, Nuno Flores, Cardoso e outros, foram companheiros bons, mas aqui quero salientar para além destes o João Macoco, o Elvino e o Picanço. Este último jogador, (Picanço), foi nascido no Faial, depois foi para a Terceira novinho, depois foi jogar para o Lusitânia, depois foi para Angola, quando veio de Angola foi jogar para os Vermelhos da Praia, (Sport Club Praiense), depois foi jogar para o Vilanovense e ali acabou os seus dias como futebolista e ainda hoje é vivo e antes de morrer ainda lhe quero dar um abraço.

Equipe do Lusitânia Jorge Barrote ao centro com a bola

PLA – Quais foram as suas maiores alegrias enquanto foi futebolista?
JB – Ao serviço do Lusitânia tive muitas alegrias. Ganhámos o Campeonato quando fui operado ao menisco, 1955/1956, mas no ano seguinte o campeão foi o Angrense, perdemos o campeonato para o Angrense, na estreia do Mário Lino. No curto espaço em que joguei no Lusitânia, conheci sete ou oito atletas que vieram do Faial, todos eles vinham para o Lusitânia, mas era à procura de emprego, Manuel Maria, Renato Lima, Jorge Faria, mas o Lino foi o jogador que deu mais dinheiro a ganhar ao Lusitânia. Ele foi comprado por 15 contos, mas deu a ganhar ao Lusitânia 20 vezes mais. Conseguiu trazer a equipe principal do Sporting e nesse jogo o Lusitânia ganhou muito dinheiro, tanto que conseguiu com ele, (verba arrecadada no jogo e na transferência do Lino para o Sporting), acabar de pagar a sede dos Leões de Angra do Heroísmo, sita na Rua da Sé e hoje considerada património.
PLA – No Canadá chegou a jogar nalguma equipe?
JB – Aqui não. Na altura havia o First Portuguese, mas apesar de ter chegado com idade para jogar, não quis jogar neste país, porque nunca me entusiasmou aqui o futebol, para dizer a verdade, inclusivamente havia muitos jogadores do Sporting Club de Portugal que já tinham lá acabado a sua carreira e aqui chegavam e jogavam e há ainda por aí alguns vivos.

Em cima e no centro, Teixeira, Mário Lino e Jorge Barrote

PLA – No seu tempo nos Açores, qual foi para si o melhor jogador?
JB – No Faial recordo os irmãos Cantôa, Gaspar Neves, Pirolito, Jorge Faria. Em São Miguel recordo o Maciel, o Artur, o Miguel e na Terceira há vários para além dos do Lusitânia atrás referidos, recordo o Jorge Laureano, o Tibério, o Carlos Silva, (Tractor), Horácio, Aníbal e muitos outros que a memória já me falha.
PLA – Como se sente a viver neste País?
JB – Tenho uma vida calma, tenho a minha reforma, Graças a Deus devo-a ao Canadá, não é para ficar rico mas vivemos bem, posso dizer que vivo uma vida folgada.
PLA – Quais são os seus desejos?
JB – Ser rico já não posso ser, porque já não tenho idade para isso, mas desejo ter sempre saúde e ter a minha família sempre junto a mim, com a minha mulher, com o meu filho e com os meus netos e com os meus irmãos.
PLA – Agradeço-lhe mais uma vez a amabilidade desta entrevista e desejo-lhe para si e todos os seus as maiores felicidades e prosperidades.

 

 

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