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Entrevista ao Deputado Renato Leal

Entrevista por: Carlos Morgadinho
Fotos de: José I. Ferreira

Adiaspora.com


 


Adiaspora: O Dr. Renato Leal, deputado pelo PS às Legislativas Nacionais pelo Círculo Eleitoral Fora da Europa, vai falar um pouco sobre a sua trajectória pessoal e política.

Renato Leal: Muito rapidamente irei falar um pouco sobre mim. Exerci a minha actividade profissional, como professor, no liceu onde estudei, leccionando as disciplinas de alemão e inglês. Depois tive que fazer estádio no então chamado Ciclo Preparatório e mudei-me  para a Escola Preparatória. Aí continuei a ensinar inglês e vinha praticamente todos os anos, ou quase todos os anos, ao antigo liceu, agora chamado Escola Secundária leccionar alemão, ou inglês, ou português ou até literatura portuguesa uma ou duas turmas porque havia então falta de professores. Depois fui convidado em 1988, pela segunda vez, porque tinha declinado na primeira, para integrar as listas do Partido Socialista, às legislativas da então Assembleia Regional dos Açores. Fui nesse ano de 1988 deputado da Assembleia Legislativa e vice-presidente da mencionada Assembleia pelo Partido Socialista. Em 1989 convenceram-me a candidatar-me à Câmara Municipal da cidade da Horta. Interrompi então o meu recente trabalho parlamentar  e candidatei-me àquela autarquia em 1989 que ganhei por maioria absoluta e fui o primeiro a ganhar aquela Câmara para o Partido Socialista, embora na altura não fosse militante daquele partido político, só me tendo inscrito em 1990. Ganhei novamente em 1993 e em 1997 para aquele lugar. Fiz cerca de onze anos como autarca e voltei, depois, a candidatar-me ao Parlamento Açoriano em 2000 e 2004. Nesse ano de 2004 o Presidente dos Açores, Carlos César, convidou-me para integrar as listas à Assembleia da República tendo ficado em terceiro lugar em 2005 tendo sido, por isso, um dos eleitos.
Quero salientar que graças à minha participação e também à qualidade dos outros membros da lista que fazia parte, conseguiu-se uma vitória por 3 a 2. Estive portanto nestes últimos quatro anos na Assembleia da República na qualidade de membro efectivo da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas onde a partir de determinada altura passei a ser o sub-coordenador e nos dois últimos anos, o coordenador. Foi talvez graças a isso e ao meu perfil aberto, tolerante, paciente, amigo de desafios, com a mania que ainda se pode estar na política e continuar a ser transparente e honesto que me fui aproximando das comunidades e que depois o PS, que não tem desde há muitos anos nenhum deputado eleito por este círculo me destacou para ser  o cabeça de lista dum grupo que integra um destacado empresário em Santos (Brasil), uma activa administradora  de empresas na Venezuela e um advogado e director dum jornal em Macau. Há portanto aqui uma combinação de um açoriano cuja  família também emigrou e cuja família da esposa também emigrou quer para a costa leste dos Estados Unidos, quer para a Califórnia quer para o Canadá e depois três outros elementos que duma forma parece que representam os países onde se tem imigração portuguesa bastante activa e que poderão contribuír para que volte a haver um deputado do PS para este círculo eleitoral.

Adiaspora: Pode dizer-nos qual o motivo desta visita a Toronto?

Roberto Leal: O Canadá tem neste momento cerca de 7.200 recenseados. Pareceu-me que atendendo ao facto de haver aqui uma comunidade bastante activa, e eu não quero distinguir a comunidade açoriana, madeirense nem continental mas sim uma comunidade portuguesa de grande projecção, que vale a pena dar um sinal de maior respeito para com essa comunidade. Quando estive aqui no início de Junho por ocasião da celebração pelo Dia dos Açores, deixei dito que tudo se encaminhava no sentido de vir a ser o cabeça de lista. Eu naquela altura não podia dizê-lo porque o orgão do Partido que aprova a constituição das listas ainda não se tinha pronunciado sobre essa matéria. Portanto eu estaria aqui duma forma a cometer não só uma incorrecção como até, duma certa forma, uma ilegalidade relativamente aos estatutos do Partido. Eu nessa altura disse que viria cá para contactar com instituições e com os orgãos de comunicação social e com pessoas com que eu pudesse contactar. Portanto eu vim para dar um sinal que sendo eleito o Canadá passará a estar dentro da rota dos países que eu quero visitar com regularidade, aqui entenda-se aos meios que a Assembleia da República disponibiliza para os deputados dos círculos quer dentro da Europa quer fora da Europa, que não permite, continuo a pensar, mais que uma visita por ano, mas mesmo assim gostaria de, pelo menos, uma vez por ano de passar por aqui. Há outros meios, com a evolução da tecnologia que permitem que haja mais contactos aproximados. Todavia os  contactos pessoais nestas coisas têm um papel extremamente importante. Eu não venho prometer que vou ser melhor que os outros mas tenho a certeza que consigo ser diferente e quis vir aqui  aqui efectivamente para dar o sinal do meu compromisso relativamente a este meu prepósito.

Adiaspora: Acredita na vitória do PS?

Roberto Leal: A nível nacional acredito. Fora da Europa muito sinceramente a minha apreciação da realidade diz-me que não será possível. Agora digo o que penso sobre isto. Atendendo aos  resultados de há 4 anos atrás não me parece que seja possível de todo inverter o resultado. Todavia o método que permite a eleição dos deputados, significa que se o PS tiver metade dos votos do partido mais votado mais um, elege o segundo deputado.  Portanto o círculo contempla dois deputados.  Assim para ser eleito não preciso de ganhar. Eu gostaria de efectivamente de ganhar e vou lutar por isso. Mas a minha apreciação pragmática da realidade diz-me que será muito dificil inverter esta desproporção. Há quatro anos a desproporção acentual era da ordem dos 58 para 26 por cento. Ninguém me peça que partindo dum 26 por cento  consiga ultrapassar os meus adversários. Agora o que eu continuo acreditar é que tenho possibilidade ganhar um deputado ao PSD. É esse o meu objectivo.

Adiaspora: Se for eleito deputado como vai conciliar este cargo com o da Assembleia Municipal da Câmara da Horta?

Renato Leal: Estamos a falar em cenários que me agradam porque a sua pergunta implica que acredita que eu vou ser eleito deputado e acredita que eu vou ser eleito Presidente da Assembleia Municipal da Câmara da Horta. Eu continuo a pensar que sim. É o maior desafio da minha vida até porque as duas  eleições estão encaixadas cronologicamente uma na outra Eu assim que acabar esta campanha vou para a minha ilha para votar e a seguir entro rigorossamente noutra campanha eleitoral. Eu penso que isso é possível. A Assembleia Municipal reune-se cinco vezes por ano. Portanto é perfeitamente possível compatibilizar estas duas funções. Aliás quando uns colegas seus me fizeram essa pergunta na Horta eu disse que sou um privilegiado porque é mais fácil viajar de Lisboa para a Horta de avião em que se gasta no máximo duas horas e um quarto a duas horas e vinte  do que alguns colegas meus do Continente que são deputados e que são também presidentes de Assembleias Municipais e que demoram 3, 4 e 5 horas para chegar às terras de sua naturalidade ou por onde foram eleitos. Portanto eu continuo a  achar que é perfeitamente possível as duas funções embora, como digo, vai exigir ser preciso muito trabalho, sobretudo, uma gestão muito cuidadosa do tempo.

Adiaspora: Caso venha a ocupar o caso como deputado para Fora da Europa o que nos traz de novo para marcar a diferença?

Renato Leal: Fundamentalmente no empenhamento na tentativa da solução dos problemas. O Partido Socialista infelizmente há anos que tem esse vazio relativamente a esta comunidade e eu não tenho pretensão que vou resolver todos os assuntos mas vou-me empenhar na sua solução. O que posso garantir é com um currículo tenho como político que tem e que sou desejado pelos sitios por onde passei é porque efectivamente não desiludi os meus eleitores. Portanto não quero vir hoje prometer aquilo que não posso mas quero efectivamente deixar como garantia o meu empenhamento pessoal e estes vinte e um anos de política activa onde efectivamente o meu passado responde a essa pergunta. Empenhar-me na resolução dos problemas, ter contactos mais priviligiados quer com as instituições quer com as associações por forma a que se possa tentar ultrapassar o que as pessoas efectivamente desejam. Não venho prometer aquilo que acho que não possa depois cumprir, pois não tenho feitio para isso, e venho deixar o meu empenhamento, esforço e essa garantia.

Adiaspora: Concorda com o voto electrónico no futuro?

Renato Leal: Eu sou a favor do voto seguro, o voto que seja viável que não permita que haja intermediários na questão do voto. É por isso que tenho algumas reticências  ao voto por correspondência. Sou mais a favor do voto presencial.  Acredito muito no voto electrónico mas  se o voto electrónico não for completamente viável eu também terei de transferir para o voto electrónico as reticências que tenho relativamente ao voto por correspondência. Se me garantirem que o voto electrónico é completamente viável eu terei que reconhecer que o voto electrónico terá que ser  um dos objectivos a proseguir nos próximos tempos.

Adiaspora: Gostaria de comentar quais os objectivos do Governo PS relacionados à juventude das comunidades, desde a língua à cultura?

Renato Leal: O governo no nosso manifesto eleitoral mostra o propósito de designadamente através do Instituto Camões ter uma actividade diferente, mais dinâmica relativamente ao ensino da língua e da cultura. Eu acredito que isso vai ser possível porque efectivamente está-se a proceder a uma reforma muito importante. Por outro lado é também intenção, no manifesto eleitoral, criarmos um portal electrónico interactivo para ligar os jovens luso e luso-descendentes. Além disso tentar também fazer com que haja um alargamento dos estágios profissionais em Portugal o que me parece ser importante para tentarmos aproximar a segunda geração do nosso país.

Adiáspora: Na sua óptica como deve ser a relação entre as Comunidades e Portugal?

Roberto Leal: A relação tem que utilizar os novos canais de comunicação. Não é possível que as pessoas estejam sempre presentes em tudo o que os diferentes representantes das comunidades organizam. Mas é possível,  hoje, através dos meios tecnológicos, e que a sociedade nos disponibiliza, termos contactos mas privilegiados. Eu próprio hoje faço coisas que nunca julguei fazer há anos atrás. Primeiro começou ser por telemóvel e agora por portátil e sou obrigado a estar permanentemente em contacto com pessoas e instituições que há quatro anos atrás era, para mim, completamente impensável. O que penso é que importa é nós sermos capazes de contribuir para a resolução dos problemas das pessoas independentemente   da grandeza ou da dimensão desses problemas. Isso é que eu penso que é fundamental. Depois, tudo o resto, há-de se solucionar.

Adiaspora: Colocamos Adiaspora.com à sua inteira disposição para deixar uma mensagem às comunidades portuguesas, se assim o desejar.

Roberto Leal: O meu primeiro  apelo, quando estive cá em Junho, foi para que se recenciassem os que não estavam ainda. Agora  já não há nada a fazer relativamente  a isso. O importante é os que estão recenseados que exerçam o seu direito de cidadania. Um dos grandes apelos que os políticos portugueses têm feito quando visitam as comunidades imigrantes é que eles se insiram e se integrem cada vez mais nos países de acolhimento. Neste caso é o que nós vimos pedir hoje. Mas o que venho pedir é o contrário. Que exerçam a cidadania relativamente ao  seu seu país já que são privilegiados poder ter  esta intervenção nos dois países. É óbvio que gostaria que votassem na lista que encabeço mas o meu apelo é que VOTEM. O voto em branco tem um significado.  Para mim o voto em branco é muito mais importante que a abstenção. Portanto o que é importante é que as pessoas participem no acto eleitoral. Depois nós havemos de ser capazes de interpretar o sinal que nos deixam. Votem e este é o grande apelo que aqui deixo.

O Deputado Renato Leal e o Director de Adiaspora.com, José Ilídio Ferreira

 

 

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