topo
linha2

Fotogaleria

 
» Home » Entrevistas » Rosa Neves Simas

 

Entrevista a Rosa Neves Simas

Candidata para a Assembleia da República pelo PSD

Entrevista por: Carlos Morgadinho
Adiaspora.com


 

Encontramo-nos, durante as Festas do Divino Espírito Santo,  em Fall River (na Nova Inglaterra) com esta já nossa conhecida compatriota que exerce a sua actividade profissional no quadro docente da Universidade dos Açores, e que aqui em Toronto lançou, anos atrás, um interessante livro de sua autoria e, como sabíamos estar presentemente em campanha eleitoral para o Círculo Fora da Europa, inserida na lista do PSD, encabeçada por José Cesário, resolvemos perdir-lhe para que nos falasse sobre a sua campanha para a diaspora portuguesa, pricipalmente para esta radicada no Continente Norte Americano que ela, um dia, também pertenceu.

Adiaspora: Rosa Simas fale-nos um pouco de si e das razões que a levou a candidatar-se para deputada pelo Círculo Fora da Europa nas presentes eleições legislativas.

Rosa Simas: Eu tenho estado estes dias a participar nestas grandiosas festas dedicadas ao Divino Espírito Santo de Nova Inglaterra e de facto tenho estado efectivamente a reviver memórias da minha vida, que foram os 35 anos que passei e vivi neste país. Portanto eu estou a concorrer porque fui convidada, e aqui agradeço publicamente à Drª Berta Cabral  pela confiança depositada em mim pois foi ela que fez o convite em nome do PSD. Eu aceitei pelo facto ser uma área para mim muito querida e que me diz muito respeito porque sou também imigrante e até diria sou imigrante duplamente porque nasci na Ilha do Pico mas, aos dois anos  de idade, emigrei para a Califórnia com os meus pais e ali fui criada e também nesta parte leste dos Estados Unidos  onde residi dois anos enquanto lecionava. Portanto eu tive uma vivência da nossa imigração que muito, muito me marcou para sempre. Depois resolvi voltar ao Açores após ter terminado o meu doutoramento na Universidade da Califórnia e estou já há 20 anos na Universidade dos Açores. Adoro lá viver. Sou professora de inglês e aqui nos Estados Unidos o fui também na disciplina de português. Por isso sou uma pessoa que tem ligação aos dois países, ao Estados Unidos da América e aos Açores, que é Portugal. Tenho um pé em cada continente, digamos assim.
Quando este convite surgiu não pude dizer que não apesar  de ser uma professora universitária que gosta imenso da sua profissão, mas acabei por aceitar este desafio. Depois do convite pensei que se eu quizesse dar um nome a este desafio, eu iria chamá-lo “Comunidades 21, prontos para uma nova era” porque de facto estamos no século 21. De facto acho que é  importantissimo estabelecermos pontes que dizem respeito a esta era em que vivemos. Quando penso na minha vida e os anos que passei nos Estados Unidos, especialmente nos primeiros anos, lembro-me perfeitamente das cartas que vinham dos Açores. Normalmente pensa-se das cartas da América que iam para lá, geralmente com dólares muito apreciados. Eu lembro-me mais é das cartas dos Açores que chegavam de barco, pois nós emigramos nos anos cinquenta, e a minha mãe sentáva-nos na sala e lia as cartas que falavam dos familiares que tinham ficado, o que estavam a fazer e dos Açores. Por isso os Açores foram sempre muito vivos para mim. Isso para, ou essa experiência como outras foi uma ponte muito forte que me ligou muito aos Açores e de certa forma talvez me fizesse voltar.
Eu acho que hoje temos que estabelecer e fortalecer as pontes que já existem. Por exemplo: acho lamentável que o porte pago da imprensa regional fosse abolido por esta Legislatura do presente Governo. Acho muito importante mantermos a ligação com os meios de comunicação, da imprensa, da RTP Internacional e também sabermos que há muito a fazer nessa área, as redes consulares também foi um tópico que é problemático ultimamente  com a definição dessas redes. Houve também o perigo do voto do imigrante ter terminado por causa do alargamento do voto presidencial. O voto electrónico é muito importante para mantermos essa participação cívica do imigrante cá radicado bem como a saga dos transportes que nos ligam às nossa origens. Há uma quantidade de questões que merecem uma maior atenção. Eu também como professora iria destacar por fim o ensino porque acho lamentável o esforço titânico que se faz por cá nas nossas comunidades da América do Norte  para manter a língua e a cultura portuguesa e o pouco apoio que tem havido. Caso eu venha a ocupar o cargo que estou a candidatar-me, ainda este ano corrente, haverá alguém a representar também os Açores na Assembleia da República e, como professora que sou, o ensino nas nossas comunidades irá merecer atenção destacada. Portanto são muitas as áreas que acho importante para estabelecermos essas pontes que é do século 21.
Tem havido uma atenção muito concentrada nas comunidades da Europa e muito bem pois também merecem. Mas as outras comunidades, como da América do Norte também o merecem e talvez ainda mais porque, pensando bem, os cidadãos europeus portanto estão na sua Europa quer que estejam em França, Luxemburgo, Alemanha e outros mais. A situação aqui, na América do Norte, é diferente. Acho que chegou a altura para darmos a atenção devida às nossas comunidades de todas as áreas fora da Europa. É profundamente lamentável a negligência para com as nossas comunidades não inseridas na Europa pois elas têm também contribuído, com as sua remessas de fundos, para o bem estar da nossa economia. Mas infelizmente  a política  funciona com grupos de pressão, etc. E aqui é que está o fulcro do problema.  Penso no facto da nossa imigração no Norte da América ser maioritariamente dos Açores tem muito haver com a situação e a razão pela qual não tem obtido os resultados que merecia. Têm surgidos alguns concerteza pois há muita coisa feita mas há muito também, mas muito mais, a fazer e acho que se prende muito com isso. Sei que há aqui também comunidades doutras origens como da Madeira, Continente e até do nosso mundo lusófono como de Cabo Verde, Angola, etc.,  mas, no entanto, são mais os de raízes açorianas.

Adiaspora: Temos testemunhado haver um laço mais forte do Governo Regional Açoriano em prol das suas comunidades do que propriamente por parte do governo central. O que nos diz sobre isto?

Rosa Simas: Acho que a nivel nacional da Assembleia e não só, há pouca sensibilidade para essa questão. Basta ver os problemas que têm surgido no ensino do português e da nossa cultura com as segundas e terceiras gerações. É uma vergonha  porque faz-se aqui um esforço enorme. É um trabalho tremendo quando na Europa há toda a infrasctrutura montada para funcionar. A língua é a base da nossa identidade, que nos une, não importando o lugar de origem e como disse o nosso grande poeta Fernando Pessoa – “A língua portuguesa é a minha pátria”.

Adiáspora: Quer deixar uma mensagem para as comunidades lusas radicadas neste Continente do Norte da América sobre as eleições que se avizinham?

Rosa Simas: Eu acho interessante que há agora uma campanha nos Açores para promoção do turismo e que se chama – “Crie Saudades” direccionada aos turistas que vêm aos Açores e é também um apelo à população açoriana para receber com hospitalidade esses turistas. Nós imigrantes sabemos bem o que é essa saudade e de facto temos vivido isso ao longo de décadas e portanto é muito importante a participação de votar no processo eleitoral porque sem isso a nossa voz desaparece. Façam para que essa voz seja ouvida e mais forte. Peço para lerem as prespectivas da minha candidatura com cautela mas a chave é VOTAR porque sem votar ficamos sem VOZ. É assim com todos a votar que a Democracia funciona e nas últimas eleições para o Parlamento Europeu tivemos uma taxa quase de 80% de absentismo. Isto é perigoso. Os nossos representantes eleitos naquelas eleições estão lá com pouco mais de 20% do caderno eleitoral. A participação cívica é fundamental para a Democracia funcionar. Nas Europeias o voto em branco subiu substancialmente e isto quer dizer que esses cidadãos expressaram o seu descontentamento. Votem, mesmo que seja em branco, mas acima de tudo não deixem de exercer o vosso direito cívico.

Rosa Simas ladeada pela Dra. Berta Cabral e o internacional Pauleta

 

 

Queremos ouvir a sua opinião, sugestões ou dúvidas:

info@adiaspora.com

 

 

 

Voltar para Entrevistas

bottom
Copyright - Adiaspora.com - 2007