Abuso de Autoridade


Por: Carlos Morgadinho
Adiaspora.com

No fim de semana passada, de 8 a 9 de Outubro de 2005, mais um escândalo bastante grave se deu numa cidade dos Estados Unidos da América do Norte, a já desditosa Nova Orleans (New Orleans), que recentemente foi quase destruída (muitos bairros o foram) pela fúria do vendaval Katrina e das cheias que se seguiram pelo colapso das comportas que a defendem das águas do Golfo do México.

Não queremos, de maneira nenhuma interferir com as investigações em curso ou caluniar. Apenas queremos opinar e questionar o porquê da situação cuja notícia corre o mundo e está a manchar ainda mais as alegações que a polícia municipal daquela cidade vem sendo acusada desde a catástrofe que há pouco tempo se abateu naquela cidade do sul da nação mais poderosa do mundo actual. Algumas das acusações imputadas vão desde o desertar das suas funções no apogeu do devastador temporal até ao crime de saque. Será verdade? O certo é que estas acusações têm feito eco nos noticiários tanto nos principais jornais daquele país como na televisão.

Agora temos outro escândalo que foi devidamente documentado por um operador de câmara de televisão que se encontrava no centro turístico daquela cidade conhecido por French Quarter. Um cidadão afro-americano de nome Robert Davis foi agredido por vários polícias, de uniforme, e um outro à civil (este membro da famosa FBI) que alegaram posteriormente estarem apenas a fazer o seu trabalho de o prender por se encontrar...intoxicado na via pública. Nas imagens transmitidas pela CNN que presenciamos a vítima do assalto, Sr. Davis, estava encostado contra a parede de um prédio pelos oficiais de segurança pública enquanto um deles lhe dava massivos socos na parte lateral da cara, na área temporal do crânio e na base da nuca. Segundo uma entrevista da CNN a um ex-chefe da polícia, impactos de pancadas naquelas zonas da anatomia humana podem causar a morte rápida ou provocar a paralisia total do corpo, do pescoço para baixo, como aconteceu com o falecido actor de cinema Christopher Reeves, após uma queda do cavalo que montava.

Segundo uma outra entrevista pela cadeia televisiva CNN ao advogado contratado pelo sindicato da policia daquela cidade para defesa dos acusados agentes, Sr. Desalvo, parece que aqueles potentes socos (blows) na zona da nuca fazem parte das instruções emanadas nos treinos, ou da Academia ou dos regulamentos pois não foi identificada a origem, daquela organização policial para subjugar a quem resista à ordem de prisão.

Relembramos o que aconteceu há anos atrás na cidade de Los Angeles onde um camionista de nome King, também de raça afro-americana, foi severamente espancado por polícias de raça branca e que foi também filmado por um elemento do público e que foi caso de disputa nos tribunais daquele país, um líder internacional na defesa dos direitos humanos. Como acabou? Não sabemos porque levou tanto tempo (anos) nas salas dos tribunais com apelos e mais apelos que perdemos o fio à meada. Foi caso bem publicitado em todos os órgãos da comunicação social à volta do mundo com cenas que se seguiram de multidões, aos milhares, que atacavam e espancavam condutores de raça branca que conduziam ou seguiam em viaturas que circulavam por diversos bairros étnicos daquela grande cidade, como também às cenas de pilhagens a lojas e supermercados e aos inúmeros casos de fogo posto de que muitos edifícios foram objecto. Com certeza os agressores, os polícias, até nem foram bater com os “ossos” na penitenciária.

Mas esqueçamos o passado e foquemos o presente, este caso de assalto ao Sr. Davis. Um outro caso estranho foi um elemento da comunicação social presente no momento da prisão do Sr. Robert Davis, que devidamente identificado, e visível, com o cartão do órgão em que trabalha foi empurrado violentamente para longe da cena e atirado contra o capot duma viatura estacionada por um polícia mal disposto, quiçá, pela presença ou perguntas daquele funcionário da media.

Outro caso foi de um polícia montado fazendo manobras com o cavalo com a intenção de obstruir o operador da câmara de filmar de obter as imagens daquelas cenas, pensamos assim pela simples razão de não se ver, das imagens colhidas, público tanto à frente como na retaguarda do quadrúpede. E após algemado e sangrando no chão os dois pontapés que levou nas costas dados por um polícia que se encontrava de pé e ao telefone, não será isto um caso de selvageria ou seria “uns mimos” daquele agente policial?

E às duas testemunhas oculares, de raça branca, daquela situação que foram entrevistados pela CNN? Uma delas afirmou nunca ter visto um caso daquele mesmo nos filmes (possivelmente “made” em Hollywood, onde não mostram nada relativo a violência) e o outro quando, presenciando tanta violência, tentou chamar os agentes à razão e foi, pelos mesmos, ou outros (os polícias), empurrado violentamente para cima do capot de uma viatura e ali quase “esmagado” (segundo suas palavras). Possivelmente deve ter, pensamos mais uma vez, sido acusado pelos agentes (os polícias, obviamente) de obstruir a justiça ou ser acessório do crime cometido pelo Sr. Davis.

Não somos nem temos pretensões a investigadores e a detectives mas algo estranho há neste caso pelas imagens que nos foram apresentadas e como nós, há certamente milhões de pessoas na mesma situação que viram tão perturbante filme e sensibilizados pelas notícias nos principais jornais deste continente e não só. Mas, perguntamos nós: Houve análises feitas no posto de urgência hospitalar para onde foi levado, de certeza absoluta pelo estado em que se encontrava o Sr. Davis – a sangrar profundamente no passeio público – tanto a possível estado de embriaguês ou de outras drogas ao detido? Ou foi só a que algum agente lhe “cheirou” que possivelmente aquele cidadão o estava sob os efeitos dum “bagaço” de marca afamada? Ou será que o Sr. Davis caminhava aos “zig-zags” mostrando assim que possivelmente estava com a influência dos “copos”, tinto ou branco, tanto faz para o caso?

É tudo muito estranho neste caso. Nem queremos tocar no assunto da cor da pele porque pensamos não ser o caso (pensamos, dizemos). Se houver algo de errado deve ser, pensamos, mais uma vez, a excesso de zelo da polícia local ou que, por acaso, eles, os polícias, não gostaram da “pinta”, nada de cor de pele já o dissemos atrás, mas sim da cara ou da maneira de sorrir, de piscadela de olho ou de outro tique nervoso do Sr. Davis. Isso sim, acreditamos plenamente, se por acaso as análises, que presumimos tenham sido feitas ao Sr. Davis, vierem negativas.