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"Sinto o fado e eis a razão pela qual o canto.
O fado é saudade.
É a expressão da saudade.
O fado traz amor, ciúme, traição, paixão
e até o ódio."
Luciana Machado nasce na Freguesia de Ponta-Garça,
Vila Franca do Campo, São Miguel nos Açores. O fado
encontra eco na jovem açoriana, pois o seu lamento dorido
reflecte a tragédia que Luciana cedo sofreu e que a assombrou
toda uma vida: a extemporânea perda dos seus amados pais
aquando criança. A sua voz sensual e incorporada, como
os solarengos vinhos da nossa terra, depressa seduziu todos que
porventura a ouviam cantar. Encorajada pela receptividade dos
seus ouvintes, Luciana jamais parou de dar viva voz ao sentimento
da Portugalidade, exceptuando por um breve período em que
casou e trouxe os seus três filhos ao mundo. Embora tenha
feito, ao longo dos anos, algumas incursões ao mundo da
canção ligeira, é o fado que prende a sua
alma apaixonada.
"Adoro o fado. Transmite todo o meu sentimento. Os meus pais
faleceram quando eu era muito jovem. O fado exprime essa tristeza,
a perda dos meus pais. Quanto mais trágico for o fado,
mais o sinto, pois traz ao meu pensamento a minha infância."
Emigra para o Canadá em 1969, onde prossegue a sua carreira
de fadista entre as comunidades portuguesas. No seu novo país
de adopção, canta a saudade e memória das
gentes lusas, que, longe da terra natal, sentem, na sua voz, uma
parcela de si próprios. Artista muito respeitada e amada,
actuou com alguns nomes sonantes da música portuguesa,
tais como Manuel Almeida, Paulo Carvalho, Celeste Rodrigues, Linda
de Susa e fez-se acompanhar por alguns mestres da guitarra portuguesa:
José Pracana e Fontes Rocha, entre outros
Musa Inspiradora? - " A Amália."
Letristas favoritos? - "Pedro Homem de Mello e Ary
dos Santos.
Fado favorito? - "Povo que lavas no rio, pois retrata
toda a realidade da minha infância."
Conhece o seu primeiro êxito com "Escreva-me na Lama",
com letra de José Pereira e música de António
Amaro e Tony Melo, trabalho lançado no mercado local em
cassete em 1980. Desde então, Luciana tem sido imparável,
tendo como missão única perpetuar a tradição
fadista bem à portuguesa. O seu mais recente êxito
é uma versão fado da conhecida canção
de Jorge Fernando, "A Valsa dos Amantes."
Em 12 de Abril de 2002, Luciana lança o seu último
trabalho discográfico, desta feita em colaboração
com outro nome da praça, Humberto Silva. Neste trabalho,
os dois fadistas fazem-se acompanhar pelos guitarristas Manuel
Moscatel (Guitarra Portuguesa), Januário Araújo
(Viola) e Nelson Câmara (Viola Baixo).
Sobre os Filhos e o Fado: "Os meus dois filhos são
músicos. O Rui é baixista e o Ricardo guitarrista.
Principiou-se recentemente na guitarra de fado."
Conselhos a um jovem fadista: "Vale
a pena exprimir-se e satisfazer o seu sonho. Se tivermos a oportunidade
de o realizar, devemos aproveitar o nosso talento e divulgar o
nosso fado, que jamais deverá morrer. o fado é a
continuação das nossas raízes"
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