ENTREVISTA COM O DEPUTADO ANTÓNIO CABRAL DA CÂMARA DOS REPRESENTANTES DA ASSEMBLEIA DO ESTADO DE MASSACHUSETTS, U.S.A.

(Outubro 2003)

Por Paulo Luís Ávila


Paulo Luís Ávila: Como funciona a Assembleia do Estado de Massachusetts?

Deputado António Cabral: A Assembleia é composta por duas Câmaras: A dos Representantes e a do Senado. Somos eleitos por distritos específicos eleitorais, mas quando actuamos é a nível estado, porque não podemos fazer especificamente uma lei para uma Cidade ou uma Vila.

PLA: Como conseguiu chegar a Deputado neste País?

DAC: Depois de cá chegar, vindo da Madalena do Pico, fiz o Liceu e depois fui para a Universidade e formei-me em Estudos Sociais e em Línguas Estrangeiras, portanto possuo duas formaturas. Leccionei durante vários anos em dois sistemas escolares diferentes. Depois trabalhei com o Governador Michael Dukakis, durante vários anos e antes da sua eleição para Governador, fui inclusivamente um dos seus conselheiros, como coordenador de todo o Sudoeste de Massachusetts a quando da sua campanha para a sua posterior eleição. Considero-me um bom organizador político e também bom professor que é a minha outra carreira. Venci, mas tive e tenho de trabalhar muito. Sou Deputado há cerca de catorze anos.

PLA: Fale-me de si como homem do Pico?

DAC: Sou basicamente um homem do Pico e para quem conhece o homem do Pico, sabe que nunca vira costas a nada. Como homem do Pico tenho um orgulho imenso. Acho que os homens e as mulheres do Pico, são pessoas dinâmicas, activas e enfrentam os desafios e as realidades da vida com muita coragem. Os desafios motivam-nos e é uma forma de nos dar energia para vencer e estar na vida. Essa energia e essa coragem, vem daquelas pedras negras, que me fazem girar e enfrentar o futuro e desbravar os desafios que se me apresentam.

PLA: Fale-me de si como político?

DAC: Como político sou activo, democrático liberal, no campo fiscal e social, em termos Europeus sou centro esquerda, sou de esquerda sem dúvida nenhuma, porque defendo os direitos do homem e da mulher e tenho desempenhado um papel importante, porque tenho sabido defender os meus constituintes, os direitos democráticos do partido a que pertenço e tenho como máxima o que um político Americano dizia: Todo o político é local, isto é: nunca nos devemos esquecer do nosso passado e das nossas raízes, porque assim temos a possibilidade de alcançar o que quer que seja. Sinto-me portanto realizado em geral, mas ainda tenho outros voos mais altos para efectuar. Espero ter essa oportunidade um dia, porque gostaria de num futuro fazer parte do Congresso dos Estados Unidos. É um dos meus sonhos, não sei se o irei conseguir, mas vou canalizar todas as minhas energias para o concretizar, servindo um corpo legislativo que é um dos corpos mais democráticos do Mundo. Isso seria um grande orgulho e um grande prazer e mais um desafio que iria ganhar.

PLA: Tem tido apoio político dos Picoenses e dos Açorianos?

DAC: Tenho tido e tenho sido bastante feliz nesse campo, porque tenho assegurado grandes apoios da Comunidade Portuguesa em geral, no entanto não é o suficiente para se ganharem as eleições na América. Para chegar a deputado tive de saber criar coligações com outras comunidades étnicas e isso foi e é importantíssimo, porque sozinhos não podemos ganhar eleições, mas orgulho-me de ser esse alguém que faz essas ligações e concretiza as coligações e a prova aí está.

PLA: Como analisa a cultura política dos Portugueses?

DAC: A cultura política portuguesa no Estado de Massachusetts tem mudado imenso nos últimos dez a quinze anos, especificamente nos últimos sete a dez anos. Espero da minha parte ter contribuído para motivar a comunidade portuguesa a participar e a envolver-se não só aqueles que vieram de lá, mas também os que já nascidos cá, as novas gerações, (porque é sempre importante envolver as novas gerações), a minha eleição há quase 14 anos veio sem dúvida nenhuma dar um dos passos importantes para que a comunidade soubesse que nós podíamos ter influência e vencer.

PLA: As suas palavras finais?

DAC: Quanto mais Americano sou, melhor Português sou, porque onde estamos temos de ser bons cidadãos onde residimos, porque participando na vida activa, social e política no sítio onde residimos é importantíssimo, porque sendo nós bons cidadãos onde residimos, somos bons Portugueses, bons Açorianos e bons Picoenses.

Nota: Esta entrevista foi conduzida pelo nosso colaborador Paulo Luís Ávila e concedida no dia 25 de Outubro p.p., dia da XIII Confraternização de Picoenses, em Pawtucket, Estado de Rhode Island, U.S.América

Entrevista exclusiva de Adiaspora.com