O AMOR DA PÁTRIA REAVIVOU A MATANÇA
DO PORCO À MODA DO PICO

Por: Carlos Morgadinho
Adiaspora.com


O porco as morcelas e as sobremesas

À chegada ao salão da Igreja paroquial de Santa Helena, sito junto ao templo que domina com a sua torre altaneira a intersecção da Dundas e da Lansdowne, zona maioritariamente povoada por portugueses, a maioria deles vindos das Ilhas dos Açores, sentimo-nos de imediato num ambiente que nos transportava para os anos da nossa juventude, porque cheirava a morcela, a torresmos de vinho e alhos e pairava no ar a sensação da alegria saudosista daquele momento. O Clube Amor da Pátria fundado por Faialenses em Fevereiro de 1972, tem-se mantido sempre fiel e respeitador dos seus pergaminhos.


As Ilhas dos Açores bem representadas

Se quisermos afirmar que o Pico e o Faial são ilhas irmãs, apesar das suas idiossincrasias, a maneira de se festejar a matança do porco é semelhante e as poucas ou quase nenhumas alterações que se verificam só são adaptações copiadas de outras culturas. Mas os habitantes que saíram destas duas Ilhas, Pico e Faial, tem algo que deixa transparecer a sua maneira correlativa de cozinhar e os sabores são muito parecidos, senão iguais. Tudo isto tem uma razão de ser. Muitos que viveram no Faial nasceram no Pico e muitos dos que nasceram já no Faial tem a sua ascendência na Ilha do Pico. No entanto é curioso anotar que o contrário não acontece com tanta frequência devido ao desenvolvimento de uma sobrepondo-se à outra.


Os doces tentaram velhos e novos

Mas voltemos à matança do porco que todos os anos o Clube Amor da Pátria de Toronto, confecciona com o requinte e o gosto das cozinheiras que gratuitamente sempre estão disponíveis. Cozinhar para 250 pessoas tem muito que se lhe diga, mas quando há boa vontade tudo se faz, como nos confidenciaram. Uma equipe constituída maioritariamente por picoenses, esteve a trabalhar durante todo o dia de sábado, dia 19 de Novembro, p. p. esforçando-se denodadamente para que tudo estivesse e fosse servido a contento daqueles que, como nós, preferimos aqueles sabores. A Presidente Rosa Machado, uma picoense dos quatro costados, andava num rodopio constante sempre atenta para que nada faltasse. A equipe por ela coadjuvada também seguiu o exemplo da presidente. Parecia que estávamos sendo servidos por pessoal altamente especializado em restauração, tal foi o esmero e a afabilidade que patentearam.


À esquerda da foto e em primeiro plano a cozinheira-mor.

A cozinheira-mor, a picoense Fernanda Macedo, orientando outras mais dedicadas e dedicados ajudantes, já a conhecemos de outras paragens e de outros lugares, imprimiu o seu paladar inigualável e por isso não lhe regateamos aplausos. Os bofes, os torresmos de vinho d`alhos, os torresmos de toucinho ou brancos, o feijão guisado, as iscas de fígado, a morcela e o acompanhamento onde não faltaram os inhames, as batatas doces, bem como o pão e o bolo de milho confeccionado por pessoal Calhetense, estavam uma delícia. Não fora o chá de camomila, que ingerimos antes de ir para a cama e teríamos tido problemas com a digestão. Todos os presentes estavam muito satisfeitos e até alguns, poucos, com origem noutras paragens que não a nossa (portuguesa), estavam deleitados. É que isto de se comer todos os dias Macdonalds, hamburgers e lasanha ou batatas fritas com ketchup já é uma doença. Variar lá de vez em quando sabe bem. A sobremesa era uma tentação, porque os doces e as frutas eram de comer e chorar por mais. Mas há que manter a tradição e depois dum jantar de matança, uma chamarrita, bem mandada e bem bailada ajuda a digestão.


Bailando a "Chamarrita"

Os pares foram para o terreiro e a mando do neto da cozinheira, o Michael Macedo, bailaram e rodopiaram até o Vivó Pico. Muitos foram também os pares, que foram para o meio da casa dançar ao som do DJ Five Stars. João Quaresma foi o leiloeiro escolhido. Servem estes momentos para privilegiarmos o convívio e a troca de notícias entre amigos e conhecidos. Numa palavra, estas reuniões quase familiares, servem para recordar as Ilhas e o Continente português donde muitos de nós se não a totalidade, viemos.

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