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Antigos Combatentes


Monumento aos mortos em combate

A partir do dia cinco do corrente passa a existir no Largo Gen. Lacerda Machado, da vila das Lajes, tal como aliás vem acontecendo nas demais localidades da Ilha, um memorial em pedra basalto, a recordar aqueles jovens militares que estiveram a combater no Ultramar, entre os anos de 1960-1974. Trata-se de uma homenagem singela, promovida pelos próprios antigos combatentes, a perpetuar os nomes daqueles que, em momentos de amargura, foram retirados dos meios familiares para irem defender os territórios que estavam sob a jurisdição político-administrativa de Portugal; luta inglória que não alcançou mérito algum e que abruptamente foi abandonada…

Por lá ficaram alguns dos jovens picoenses, como aliás das diversas terras de Portugal. O número de falecidos foi de alguns milhares. Felizmente que, destas ilhas, o número de sacrificados em nome da Pátria não passou de algumas dezenas, se bem me recordo.

Três dos meus filhos estiveram nesses anos, ao mesmo tempo, no serviço militar. Dois deles no Ultramar, um em Angola e outro em Moçambique. E ambos só regressaram quando se deu a histórica descolonização… Foram horas, dias, meses e anos de aflictiva angústia, que não mais esqueceram. Felizmente que regressaram a casa, embora ficassem sujeitos a intermitentes sequelas.

Pior sorte tiveram os que não regressaram às suas casas e ao seio das respectivas famílias. Recordá-los é um acto de elementar justiça e homenagear a sua memória um gesto digno e plausível.

Pelo Ultramar ficaram;
1) Alferes José Vieira da Silva Cardoso, filho de João Vieira Cardoso, da freguesia de São João, falecido em Moçambique;
2) José Leal Goulart, filho de Jaime Leal Goulart, da mesma freguesia, falecido em Angola;
3) Gabriel Pereira Bagaço, filho de José Pereira Bagaço, da Ribeira do Meio, Lajes do Pico, falecido na Guiné;
4) José Cardoso Carias, filho de Júlio Cristiano Carias, da Calheta de Nesquim, falecido em Angola;
5) António Alberto da Silva Garcia, filho de Manuel Machado Garcia, da Almagreira, Lajes do Pico, também falecido em Angola;
6) Gabriel Jorge da Silva, filho de Manuel Jorge da Silva, de Santa Bárbara, Ribeiras, falecido em Moçambique; e,
7) Silvino Barbosa do Amaral, filho de Dinis Amaral, de Santa Bárbara, igualmente falecido em Moçambique.

Estes somente os do concelho das Lajes do Pico. cujos nomes constam do memorial inaugurado do passado dia 5 porque, infelizmente, dos concelho de São Roque e Madalena não me foi possível obter informações.

Mas outros mais terminaram seus dias ao serviço da Pátria como soe dizer-se.
Em 1931 deu-se em Angra do Heroísmo o revolta dos Deportados. Manuel Testa, natural da Ribeira do Cabo, desta vila, encontrava-se a prestar serviço militar no Castelo de S. João Baptista. Num noite foi escalado para fazer guarda, com outros, ao Comando Militar. E foi aí que uma bala traiçoeira, partindo inesperadamente da arma de um camarada, o atingiu mortalmente.

A quando da explosão que destruiu o quartel da Bateria, na cidade da Horta, em 22 de Abril de 1941, faleceram l2 militares, e um civil. Daqueles, três eram da ilha do Pico:
Manuel Ferreira Vieira, filho de José Vieira, e Claudino Quaresma Dias, filho de Alfredo Quaresma, ambos da Calheta de Nesquim, e ainda, Manuel Ferreira Morais, do concelho de São Roque do Pico.

Segundo informação de Júlio Cabral, datada de Janeiro de 1905, incerta no “Arquivo dos Açores”, Vol. III, respeitante a militares mutilados diz que no Hospital de Inválidos Militares Runa, inaugurado em 25 de Julho de 1827, estiveram internados os seguintes militares:
- Manuel Joaquim, cabo, filho de Joaquim José, natural da Ilha do Pico. Serviu no regimento de artilharia nº l. Fez as campanhas da liberdade, desde 8 de Julho de 1832 a 1834 desembarcando nas praias do Mindelo;
- João Inácio, soldado, filho de João Inácio, natural da Vila das Lajes do Pico. Nasceu a 21 de abril de 1882, assentando praça, como compelido, em 1 de Novembro de 1901. Serviu na arma da artilharia, e reformou-se em 29 de Setembro de 1903, desde quando entrou para o hospital. Ainda conheci este João Inácio (Senhura), ao qual fora amputada a mão direita, a trabalhar na “Farmácia Lajense”.

Mas, da Ilha do Pico, não somente os militares que acima refiro foram mutilados ou faleceram no serviço militar. Outros houve que aqui não se citam por falta de informação.

A todos, porém, envolvo no mesmo sentimento de respeito e homenagem.

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