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“A discórdia da Cédula Marítima”

Crónica de Luciano Fraga redigida por Arlete Fraga

 

Num determinado dia, chegou à mercearia de Luciano Fraga, no lugar dos Fetais (Ilha do Pico-Açores), o Manelito Dias (nome fictício) e Luciano perguntou-lhe se tinha uma Cédula Marítima, ao que este respondeu afirmativamente.

Mas que tinha ido à pesca à Ilha de S. Jorge e que na vila das Velas, dirigiu-se com os companheiros de pesca ao delegado marítimo para verificação das cédulas e que uma delas, a dele próprio, tinha ficado “retida” dado não estar em conformidade com as leis da época…

Então, Luciano começou logo a pensar em fazer uma “partidinha”…
Disse-lhe: - O Sr. Manelito talvez pudesse vender a sua Cédula Maritima a alguém…

Este, de imediato, arregalou os olhos visivelmente satisfeito mas logo caiu em si e disse que ela tinha ficado “presa” e que nunca a tinha conseguido “libertar”!

Entretanto, Luciano pôs em prática o plano que arquitectara… Combinou com o José da Josefa (nome fictício) para que este se mostrasse interessado na compara da tal Cédula.

No dia seguinte, entrou o Manelito Dias na mercearia, onde já se encontrava o José da Josefa e Luciano, de imediato, lhe disse que este estava interessado em comprar a Cédula…

O Manelito disse-lhe que não podia vende-la e explicou que esta estava “presa” na Vila das Velas. O outro, cúmplice de Luciano, disse logo que isso não interessava, que a comprava na mesma…!

Luciano, então aproximou-se do Manelito e disse-lhe em segredo: - Peça-lhe 300$00 pela cédula (ao mesmo tempo piscando o olho ao José da Josefa)…

O Manelito, sentindo-se seguro e contente, pediu de imediato esse valor por ela!

O José da Josefa disse-lhe que aceitava comprá-la por esse valor mas só a podia pagar dentro de um mês pois tinha que fazer dinheiro a “engatar” louça (arte antiga de colocar arames na louça partida para a unir e ainda poder ser utilizada). Ficou assim acordado o negócio entre ambos.

Espalhou-se o negócio por toda a freguesia…

Noutro dia, estavam na mercearia o Manelito Dias, o José da Josefa e chega o também cúmplice de Luciano e de José da Josefa, Samuel do Alfredito (nome fictício) que disse ao Manelito que se sentia desgostoso de também não ter uma Cédula Marítima… Que também estava interessado no negócio e a pagava nesse momento pois tinha dinheiro para tal!

Nessa altura, o Manelito falta à palavra dada ao José da Josefa e disse-lhe que como este não tinha dinheiro, que a venderia ao Samuel.
Surge o conflito inevitável (todos cúmplices de Luciano e uns dos outros, com excepção de Manelito que era somente cúmplice Luciano)…

O José da Josefa fingindo estar muito zangado por estar prestes a perder a compra da Cédula, foi buscar uma faca (suja de cortar barras de sabão) que Luciano tinha debaixo do balcão e foi na direcção de Manelito Dias. Este, cheio de medo, derramou o copo de aguardente a tremer como “varas verdes”…

Luciano, então fez o seu papel de actor e conseguiu afastá-los um do outro…
Passaram-se alguns dias, o Samuel vai à mercearia de Luciano e disse ao Manelito Dias que a Cédula era sua, que a iria comprar.

O Manelito disse que para ir buscá-la à Vila das Velas ia levar muitos dias, que o melhor seria falarem com o mestre Manuel Silveira e fretarem a lancha “Medina” e assim iam a S. Jorge e traziam a Cédula no mesmo dia.

Daí a alguns dias, aparece o regedor Manuel Luís (também cúmplice de Luciano Fraga) e Luciano contou-lhe o sucedido (o José da Josefa também se encontrava lá). O Regedor disse logo que o Manelito havia de vender a Cédula a quem quisesse e que o José da Josefa ficava naquele momento avisado para não lhe “tocar”!

O José da Josefa voltou-se para o Regedor e perguntou-lhe: - Sr. Regedor, tem alguma louça para eu “engatar”?

O Regedor disse: - Não tenho louça para “engatar”, porta-te bem, és de S. Miguel e num instantinho recambio-te para lá, “corisco mal amanhado”…!

Nesse instante, chegou o Camacho e o Samuel disse-lhe que queria comprar a Cédula ao Manelito Dias e este disse-lhe: - Não te agonies, vais comigo à pesca, por desporto e eu ensino-te a pescar!

Então, lá foram juntinhos “empatar” anzóis e coser redes de pesca enquanto a Cédula ficava em ”prisão perpétua” na Ilha de S. Jorge”…

 


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