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Ciclo Quaresmal

 

Ontem foi quinta-feira de Compadres. Domingo é o chamado “Domingo Gordo”, naturalmente porque  em tempos passados, era o último em que, antes da Quaresma, se comiam carnes. (Hoje a generalidade das pessoas  não pratica o jejum quaresmal.) A seguir vêm a segunda e terça-feira de Entrudo. E assim termina o Carnaval, para, logo na quarta – feira, se iniciar o ciclo quaresmal.

A Igreja Católica – até meados do século passado todos os picoenses eram baptizados, hoje desconheço qual a situação religiosa da sua maioria –  tinha vida litúrgica organizada em ciclos. E mantém esse sistema. Todavia a maioria das pessoas presentes na ilha, e não só, ignora onde fica a porta de entrada da Igreja Paroquial.  Isso verifica-se pelas estatísticas da prática dominical.  E não é à falta de sacerdotes porque os que estão no Pico procuram celebrar  a eucaristia dominical em todas as Paróquias. Demais, não estou a aproveitar a presente crónica para fazer  “pregação homiliética” mas somente para registar um facto histórico...

E ele vem a propósito do Entrudo que está a terminar e da Quaresma que terá início na próxima quarta-feira.

Dizem os leccionários litúrgicos que, “Nos primeiros séculos da Igreja, os cristãos que haviam prejudicado a comunidade cristã com escândalos públicos, expiavam-nos durante a Quaresma”. E o que é a Quaresma? Basta consultar qualquer dicionário para se encontrar a resposta: “Espaço de quarenta dias de jejum, que vão de quarta-feira de cinzas, inclusive, até ao domingo de Páscoa, exclusive” (José Pedro Machado).

“Na sociedade moderna, em que tudo se permite e tudo se procura  contestar, não só se está a perder a consciência das repercussões sociais do pecado (ou propriamente das faltas graves) como também do seu próprio sentido . Daí as “penitências” não serem compreendidas.”

Mas esta crónica não é nem pretende ser uma homilia.  E´, ou deseja ser, um registo do que anteriormente, e não há muitos anos, por aí se praticava.

Festejava-se  o Carnaval com alegria. Bailava-se e dançava-se nas casas particulares e, mais tarde, nas sociedades recreativas. Faziam-se lautas ceias, onde não faltavam nem os manjares nem as bebidas diversas. Tudo terminava à meia noite da terça-feira de Carnaval, para, na quarta-feira, a maioria das pessoas ir assistir às cerimonias litúrgicas: uma “cerimónia simbólica  de imposição das cinzas, que mais não era do que o reconhecimento da condição de pecadores, com a disposição de aceitar, com humildade a morte temporal, como consequência do pecado.”

Durante a Quaresma tinham lugar as Vias-sacras, as procissões, verdadeiros actos penitenciais: de Passos, de Penitência com diversas Imagens de Santos Penitentes, etc. Tudo terminava com o Aleluia do Sábado Pascal  onde os ecos festivos dos sinos, do órgão e dos cantares, de mistura com as flores dos campos e jardins, expressavam a alegria dos cristãos pela Ressurreição do penitencial Salvador.

Terminava assim o luto penitencial para voltar o povo cristão às alegrias pascais, às festas do Pentecostes, com cortejos alegres, coroações solenes e jantares das suculentas sopas e carnes que se ofereciam – e ainda hoje se distribuem – por amigos, parentes, conhecidos e até desconhecidos, porque para todos chegavam e chegam. Tudo em louvor da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade – o Divino Espírito Santo.

Façamos, pois, uma pausa, repito, um pequeno descanso e novamente voltarão as alegrias pascais e as festas do Divino. 

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