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Uma cruzada calma


Lembro-me de ter admirado a vista do último piso do prédio: a janela da sala de reunião parecia um postal gigante cheio de céu e oceano, árvores exóticas e pedaços de cidade. Era uma vista poderosa, inspiradora até e pensei que só podia animar quem olhava para ela. 

Porém, o meu interlocutor - cujo ambiente de trabalho incluía esta vista - reagiu de uma forma mais ambivalente. Explicou que viver numa ilha podia ser como viver num reino ou como viver numa cadeia conforme a nossa perspectiva. Aliás, para uns o horizonte é o limite, a parede contra a qual estamos encostados enquanto para outros, o mesmo horizonte é este mundo de possibilidades ainda inexploradas. 

Na altura, estivemos a tentar criar um novo produto jornalístico - notícias dos Açores em inglês para os luso-descendentes nas Comunidades que já não falam português - e acreditávamos no sucesso do nosso projecto porque, na cultura anglo-saxónica, querer é poder e a vontade automaticamente descarta obstáculos. Queríamos fazer, queríamos conseguir, queríamos inovar. 

Sendo jornalista por vocação, agarrei-me a esta vontade e optei por ignorar todos os desafios no nosso caminho. Concentrei-me no projecto, tentei proporcionar conteúdos de qualidade ao nosso público-alvo e esperei pacientemente até as dificuldades administrativas ficarem resolvidas.

Foi uma cruzada calma, tão calma que as Comunidades ficaram sem saber deste projecto porque nunca foi divulgado ou promovido de forma oficial. Foi uma cruzada calma que durou um ano mas que ficou na obscuridade porque o jornalista é apenas um mensageiro, uma ferramenta, nunca é a mensagem. 

Bati a cabeça contra o horizonte, bati a cabeça contra inúmeras limitações administrativas, bati a cabeça contra a indiferença e até mesmo contra o esquecimento. E o projecto acabou da mesma forma que tinha começado, silenciosamente, enriquecendo apenas o arquivo do Google e dos órgãos de comunicação social que republicaram algumas reportagens nossas.

Mas ainda quero acreditar que valeram a intenção, a boa vontade e os muitos sacrifícios. Ousei olhar para aquele mundo além do horizonte, ousei tentar algo novo e diferente... Ao menos, falhei porque arrisquei fazer. 

Queremos ouvir a sua opinião, sugestões ou dúvidas:

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