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Solenidade do Corpo de Deus


Na passada quinta-feira a Igreja Católica celebrou a Festa do Corpo Deus. Trata-se de uma das mais antigas solenidades da Liturgia Católica que conta mesmo com muitos séculos.

Os Reis portugueses sempre tiveram muito respeito por esta solenidade e tomavam parte com todos os cortesãos, na procissão que anualmente se realizava na capital do reino.

Reza a História que esta festa foi inicialmente instituída em Liege, Bélgica em 1246, passando depois a Portugal, sendo realizada já no reinado de Afonso III (1210-1279) Era o Rei e o Príncipe que levava as varas do pálio onde o Cardeal Patriarca conduzia a Custódia com a Sagrada Hóstia.

A Matriz das Lajes também celebrava, com grande solenidade, a Festa do Corpo de Deus. Nela tomavam parte, desde remotos tempos, as autoridades civis e militares, as corporações de artífices com suas bandeiras, as irmandades erectas na Paróquia e imenso povo.

D. João Paulino de Azevedo e Castro, ao tempo reitor do Seminário de Angra e um dos grandes impulsionadores da devoção e festa de Nossa Senhora de Lourdes, na vila das Lajes, em artigo publicado no dia 27 de Julho de 1889, no jornal angrense Peregrino de Lourdes, sobre o incremento da festa, escreveu também:
A Vila das Lajes, triste e pacata de ordinário, toma durante estes dias (das festas) um aspecto risonho, alegre e animado. Desacostumada de ver gente de fora tomar parte em suas festas desde o tempo dos capitães-mores, em que a festa anual de Corpus Christi atraía ao seu recinto, vindos de todo o concelho, uns legendários corpos de milícias armadas de chussos e espadas em atitude bélica, - vê-se durante estes dias povoada de estranhos, que em atitude pacífica, armados quando muito do rosário a visitam, atraídos de todos os pontos da ilha pelo encanto da devoção à Virgem de Lourdes.

Sem o aparato bélico, nem as interferências das autoridades, a Igreja manteve sempre a solenidade do Corpo de Deus, embora, no princípio do regime republicano, tivesse de solicitar autorização administrativa para a organização da Procissão. E ainda me lembro de, no largo, então conhecido por “Meio da Vila”, se armar um altar onde era colocada a sagrada Custódia e dada a bênção solene ao povo ali reunido, seguindo depois a Procissão até à igreja de São Francisco, donde havia saído, e que desde 1904 servia de matriz.

No continente, até meados do século XVIII, os foliões acompanhavam a Procissão do Corpo de Deus. Em 1672 os foliões também acompanharam a Procissão de Corpus Christi na Horta. O mesmo acontecia nos séculos XV a XVII nas cidades de Coimbra, Castelo Branco, Guimarães, Viseu e outras terras.

O Bispo D. António Vieira Leitão, que faleceu nas Velas, S. Jorge, quando ali se encontrava em visita pastoral, proibiu em 1669, as danças nas procissões do Santíssimo Sacramento e em 1707 estendeu a proibição a todos os bailes. Mesmo assim, pelos Açores os foliões só desapareceram das procissões, logo que foram aparecendo as filarmónicas. Subsistindo hoje nas festas do Espírito Santo mas só se exibem até à porta das igrejas.

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