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Contrabando

TUNAPESCA ontem -  SANTA CATARINA,
Calheta de S. Jorge, hoje

Critérios tão diferentes

A 9 de Janeiro último, à laia de esclarecimento, o vice-presidente do governo dos Açores, Dr. Sérgio Ávila, informava a Comunicação Social, entre outros considerandos, o seguinte (e cito):
“A intervenção do Governo Regional tem um carácter excepcional no contexto da intervenção da Administração Regional e justifica-se pelas graves consequências económicas e sociais que o encerramento das empresas Santa Catarina – Indústria Conserveira, SA. e Companha – Sociedade Pesqueira, L.da. ,  iria provocar na ilha de S. Jorge e na Região, nomeadamente a redução da capacidade de exportação da economia regional, a concentração quase monopolista deste sector de actividade (na COFACO) e o aumento muito significativo do desemprego numa ilha que deve beneficiar de políticas especiais de coesão. Importa ainda referir que a intervenção do Governo, através da Lotaçor, nas duas empresas em questão, não implica a liquidação imediata de todos os passivos existentes (…) A renegociação da estrutura de financiamento e a definição de uma estratégia comercial e de promoção dos produtos vão possibilitar, a breve trecho, a viabilização económica e financeira da Santa Catarina – Indústria Conserveira, SA. e Companha – Sociedade Pesqueira, Lda. O Governo dos Açores pretende, após a recuperação económica e financeira destas empresas, voltar a alienar a sua participação pública.” (fim de citação)
Esta importante decisão do actual governo dos Açores, em relação à defesa do emprego das trabalhadoras daquela fábrica da vila da Calheta, trouxe-me à memória um processo semelhante: o encerramento da nossa fábrica de conservas TUNAPESCA (então alugada à Pescatum), trágico desenlace socio-económico que enviou para o desemprego dezenas de operárias desta terra, porque o governo dos Açores, em Maio de 1996, não teve qualquer sensibilidade social em acautelar os seus direitos, antes oferecendo à Pescatum uma nova fábrica na Praia da Vitória.

Instalações da Antiga Fábrica da Tunapesca

Fui eu uma das vozes que protestou contra essa clara injustiça e abandono a que o governo votava esta terra e na Assembleia Regional, em 21 de Maio de 1996 disse (e cito):
“ Que futuro para (…) a industria de conservas de peixe da ilha? Terão fundamento os rumores de que também aí seremos traídos por este Governo? Será verdade que haverá nova fábrica em outra ilha, para fazer o mesmo que a Fábrica de São Roque faz? Alguém do Governo tem a coragem política de nos responder ou assumir essa decisão, o que, a ser verdade, será o maior crime económico que se poderá praticar nesta Região, em relação ao Pico, nesta década?! Julgamos que, dentro do verdadeiro espírito do desenvolvimento harmónico da Região, o Governo Regional deve proporcionar condições financeiras para que a empresa, ou porventura, empresas, que o pretendam, possam continuar a laboração ou mesmo adquirir as instalações da actual fábrica da Tunapesca, na Vila de São Roque do Pico, situada muito próximo do molhe do porto daquela Vila. Essa seria uma medida governativa justa e economicamente correcta, pois aliava-se um pequeno investimento, à criação/continuidade de emprego, consubstanciada em dezenas de postos de trabalho para a mão-de-obra feminina que, de outro modo e no Pico, jamais o conseguirão.(…)” (fim de citação).
Não querendo responder, dizia o responsável governativo da Agricultura desse tempo, pelos corredores, que os apoios da União Europeia não podiam ser aplicados nesse caso, porque não era uma fábrica nova. Ora acontece que, um ano depois, quando integrei uma delegação do Parlamento Regional, em visita de trabalho a Bruxelas, reunindo com diversas entidades, perguntei ao Director-Geral das Pescas da U.E., Dr. Almeida Serra, senão teria sido possível encontrar um financiamento para salvar a Tunapesca, ao que ele respondeu que era perfeitamente possível desde que fosse devidamente fundamentado pelo Governo Regional… Não o fizeram nem quiseram tentar e perdeu-se assim, por incúria, ou má-fé(?), uma oportunidade que tarde voltará a acontecer na nossa terra. 
Passaram 12 anos e temos um outro Presidente do Governo (já nem falo em partido) e para uma questão semelhante o critério foi diverso, para melhor, neste caso favorecendo as gentes da Calheta de São Jorge.
Quando por aí se diz, muitas vezes, que todos se calam e a terra fica a perder, afinal, não é assim…  

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