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III Aniversário Adiaspora.com
As noites de Toronto nos dias 15, 16 e 17 de Janeiro ficaram de novo marcadas por mais um importante evento cultural na comunidade: o terceiro aniversário do portal Adiaspora.com. «Planeando Estratégias de Sobrevivência Cultural» foi o lema que trouxe gente de várias localidades do Canada, dos Açores e Continente. Pela terceira vez o Sport Club Lusitânia abriu as suas portas para o debate de ideias e manifestações culturais da diáspora. Os trabalhos tiveram início no sábado dia 15 de Janeiro com a protocolar sessão de boas vindas que este ano coube à directora da Adiaspora.com Humberta Araújo.
O dia que guardava muitos momentos de interessante reflexão iniciou-se com a abertura de várias exposições de artistas plásticos, entre eles os pintores Hildebrando Silva Luís Palaio , Isabel de Los Lucília Duarte, Luísa Soares Leoneto Silveira. O artesanato e a fotografia estiveram também presentes com obras respectivamente de Leoneto Silveira e José Henrique Brum.
Os trabalhos propriamente ditos iniciaram-se com uma importante alocução de Terry Costa, Director Executivo da Portuguese Benevolent Society de Vancouver, que abordou a cada vez mais actual temática: “O Envolvimento da Juventude na Comunidade.” Para este jovem importa avaliar com sinceridade as razões pelas quais os mais novos não estão presentes como seria de esperar em muitas das actividades comunitárias. Segundo Terry Costa, a juventude é usada e manipulada para " transmitir as mensagens dos mais velhos e representar os projectos dos mais velhos, mas não têm voz sobre o planeamento das acções e nem lhes é dada oportunidade para apresentarem os seus próprios projectos sobre o que é ser-se luso-descendente ou como vêem a cultura dos seus avós e pais".
E, porque falar de Sobrevivência Cultural implica obrigatoriamente falar de educação como meio de manter e afirmar a nossa identidade como grupo étnico residente num determinado país, a Adiaspora.com trouxe à reflexão o tema. Educação como veículo de sobrevivência cultural foi a temática escolhida pela professora Ana Fernandes da Escola 5 Quinas em Toronto. “Aqui poderíamos abordar duas questões: educação, no sentido mais amplo da palavra e debater o ainda grave problema do insucesso escolar dos jovens luso-descendentes. No entanto, seria matéria complexa demais para se apresentar numa conferência.”
A situação da mulher portuguesa foi outro assunto discutido. Enquanto, os jovens na comunidade procuram caminhos para se fazer ouvir, no passado a mulher portuguesa necessitou de muitas estratégias para mostrar o seu valor. «Estratégias de Sobrevivência Feminina: de Gil Vicente à Actualidade» foi proposta da Dra. Maria João Dodman, Directora do Programa de Língua e Cultura Portuguesas da University of Western Ontário. Para esta estudiosa a mulher da época de Gil Vicente não era aquele ser passivo que se deixava subjugar como muitas vezes se pensa. Gil Vicente, que foi o dramaturgo que viva voz deu à mulher do seu tempo, mostrou-a como um ser com voz e desejos próprios. Dodman fez um pequeno historial do papel de algumas das mais importantes personagens femininas no Teatro de Gil Vicente, que nas suas actividades profissionais, literárias e, no papel de mulheres e amantes sempre souberam mostrar a sua individualidade e independência.
O primeiro dia de intervenções acabou com a intervenção da Directora Regional do Turismo dos Açores, Isabel Barata que mostrou aos presentes a situação actual do sector na região e as estratégias do governo para incrementar o turismo açoriano. Isabel Barata trouxe os números que mostram como a região tem evoluído no sector do turismo e procurado absorver novos consumidores para o seu produto. Uma resenha dos investimentos na rede hoteleira que nos últimos anos foram efectuados nos Açores foi igualmente apresentada por esta responsável do governo açoriano.
O dia terminou com convívio e Bufete. No Domingo os trabalhos tiveram início pelas quinze horas. A música deu o mote para este novo dia de análise com a intervenção Dra. Judith Cohen, da York University, Toronto.
Esta especialista não só mostrou aos presentes os importantes resultados dos seus estudos sobre a música popular portuguesa, como deliciou a audiência com uma parte prática do seu trabalho: cantar belas melodias populares portuguesas. “Quem somos e de onde vimos?” um tema interessante que mereceu grande interesse por parte da audiência: «Apelidos, Genes e Consanguinidade na População dos Açores» foi a temática da palestra da Dra. Luísa Mota Vieira que se deslocou dos Açores para mostrar o resultado de importantes trabalhos de investigação que foram feitos por uma equipa do Hospital do Divino Espírito Santo, que chefia. Será que o sangue pode dizer quem somos e qual é a nossa família genética? Uma pergunta que mereceu resposta positiva.
Clicar p/ ver na íntegra (PDF) A intervenção seguinte teve como tema os Açores e a sua antiga base militar situada na ilha de Santa Maria. «Ilha de Santa Maria: da Aviação aos Satélites - Tecnologia ao Serviço do Desenvolvimento Económico e Social da Ilha» foi o assunto trazido pela jornalista Humberta Araújo. A intervenção e posterior debate suscitaram a criação de um grupo de pessoas dos Açores com ligações à ilha de Santa Maria que vão procurar através de diversas iniciativas, nomeadamente um abaixo-assinado, sensibilizar os responsáveis com ligação ao património imóvel da ilha para a sua preservação.
Santa Maria continuou ainda a animar a noite com a presença de Max Brix Elizabeth, Presidente Associação Cultural Maré de Agosto que se deslocou daquela ilha para falar dos «20 Anos de Maré de Agosto, Santa Maria: História em Imagens». Este Festival Musical com duas décadas de vida marcou uma nova etapa na divulgação musical pelas ilhas. Nomes sonantes nacionais e do estrangeiro têm anualmente levado milhares de turistas e amantes da música à Praia Formosa na ilha de Santa Maria para este Festival.
Max Elisabeth um homem há muito ligado à cultura de Santa Maria faz igualmente parte de um grupo na ilha que estuda formas de preservação do património cultural ligado à construção do aeroporto militar. Max B. Elizabeth apresentou igualmente um livro e um DVD que faz a história deste festival.
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