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Quatro mestres encerram o I Encontro Luso-Maranhense
Com a palestra “A presença da Emigração açoriana no Maranhão:
Vestígio do passado que se mantém no presente”

Este primeiro encontro entre portugueses dos Açores e brasileiros do Maranhão acabou como começou: em grande!

As professoras doutoras Maria da Glória Guimarães Correia, Antónia da Silva Mota, Francisca Ester de Sá Marques e o Doutor Ananias Martins formaram o naipe de intelectuais que assumiram num trabalho colectivo, cujo título se transcreve em epígrafe, o encerramento dos trabalhos.


Letícia, Gisélia e Ester - As "Três Graças" do I Encontro Luso-Maranhense

Não só fizeram o ponto da situação como deixaram bem claras as conclusões imediatas, certamente que a antecederem o relatório final que todos ficamos a aguardar com o máximo interesse.

Clicar p/ ver mais sobre a imigração açoriana

Foi, contudo, o Professor António Melo de Albuquerque Carvalho que melhor sintetizou o Encontro neste poema que achamos a melhor forma para encerrar esta parte da reportagem que adiaspora.com veio fazer a terras de Vera Cruz:

São Luís e os Açores,
Têm laços de amores
Que só agora pude sentir.
Com este povo no Maranhão,
Nosso comércio no coração,
Disposto a lhes servir.
Ficam muito satisfeitos vendedores e fregueses
Em ouvi-los pude sentir.

Estão aqui encantados,
E mesmo falando enrolados,
Nós podemos compreendê-los.
Vemos brilho nos seus olhos,
Pois a Ilha dos Amores,
Tem laços com os Açores
Mesmo antes da fundação.

É um laço espiritual
Que só existe entre humanos,
Que querem dar-se as mãos,
Por meio de Deus-Pai.

Abençoado seja este povo,
Que voltem aqui de novo,
Pois a Ilha dos Amores,
Se deu tão bem com os Açores,
Que este laço entre ambos,
Não pode deixar de existir.

Estamos de portas abertas,
Queremos vocês por perto,
Neste aconchego de irmãos
.

Na Escola de Música de São Luís

Tributo a Carlos Paredes (o maior guitarrista português de sempre)
e o dedilhar de 3 músicos virtuosos com V grande:
Manuel Costa, Vítor Cruz e Paulo Cunha

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Álbuns musicais de Carlos Paredes

Este espectáculo, intitulado de “Tributo a Carlos Paredes” já tinha sido apresentado em público nos Açores. Contudo, foi na cidade de São Luís do Maranhão que fica elevado à categoria de estreia “estreia mundial”. A história deste evento é agora directamente tirada do programa distribuído ao público de congressistas, jornalistas e alunos que encheu o salão acústico.

Victor Castro e Paulo Cunha conceberam a encenação em que num vídeo, a dramático preto e branco, conta a história musical de Carlos Paredes, o último filho de uma ínclita dinastia de guitarristas iniciada pelo seu tio-avô Gonçalo Paredes; avô Manuel; pai, Artur e o filho Carlos.

Filho de um empregado bancário e músico amador (Artur Paredes) e de uma professora do ensino secundário (Alice Candeias Rosas Paredes), nasceu em Coimbra a 16 de Fevereiro de 1925.


Manuel Costa na Escola de Música de São Luís

Herdou de seu pai um espólio musical muito rico e todo um trabalho de investigação e experimentação, assim como um legado genético, o talento acumulado de três ou quatro gerações. Aproveitando a técnica do pai, sintetizou a execução tirando o máximo partido das características do instrumento, a guitarra portuguesa, e redirigiu-o para um repertório nunca antes abordado ou pensado. Fê-lo com uma qualidade artística invulgar. E se por um lado herda o talento musical do pai, por outro recebe a sensibilidade cultural da mãe, que foi determinante na instrução da própria personalidade, nas opções ideológicas e na aproximação constante ao seu povo e à sua cultura, bem patentes na sua grandiosa obra musical.


Victor Castro tangendo a "viola da terra"

Durante anos trabalhou no Hospital de São José, em Lisboa, e por consequência de ter aderido ao Partido Comunista Português foi preso pela PIDE, em 1958, por um período de 18 meses. Devido ao sigilo foi expulso da função pública em Março de 1960, ano em que inicia ‘oficialmente’ a sua carreira musical, por convite na elaboração de uma banda sonora para a curta-metragem “Rendas de Metais Preciosos”, para a qual compões “Verdes Anos”. Foi acompanhado por Carlos Alvim, com quem iniciou uma longa e frutuosa colaboração de quase 25 anos.

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Tributo a Carlos Paredes: Victor Castro (guitarra portuguesa) e Paulo Cunha (viola)

Foi reintegrado no Hospital de São José em Outubro de 1974, tendo-se reformado 12 anos mais tarde. Rejeitou sempre a possibilidade de se consagrar músico profissional e de abandonar o emprego por acreditar na dificuldade de se viver da música em Portugal. É de sua autoria frase: “Amo demasiado a música para viver dela”.

Carlos Paredes foi, praticamente até ao fim da sua carreira, um músico amador com talento e trabalho de músico profissional. Somente em 1990 viu ser-lhe atribuído um subsídio de mérito pelo então Secretário de Estado da Cultura, Santana Lopes, para, dois anos mais tarde, ser condecorado com a Ordem Militar de Santiago pelo Presidente da República, Mário Soares.

O músico casou duas vezes, a segunda das quais com Cecília de Melo com quem gravou em 1970 o álbum “Meu País”. Foi pai de 6 filhos, nenhum com aptidões musicais de destaque, interrompendo-se assim o ciclo de guitarristas da ‘dinastia’ Paredes.


Os virtuosos Cunha e Castro
agradecendo uma justa ovação do público rendido à sua arte

Em 1983 inicia a colaboração com Luísa Amaro, guitarrista erudita. Há muito que Paredes pretendia enveredar pelo ramo clássico; e é pela sobriedade musical de Luísa Amaro que vê parcialmente concretizada essa possibilidade. É com ela também que partilha o resto da sua vida.

Em finais de 1993 foi-lhe diagnosticada a mielopatia que o impossibilitou de voltar a tocar. Faleceu a 23 de Julho de 2004.

A primeira parte do sarau cultural, apresentado pelo Dr. Miguel de Noronha, foi entregue ao trovador e baladista Manuel Costa, cujo talento de músico e cantor está solidamente alicerçado numa necessária presença em público. Mereceu plenamente a ovação recebida pela sua intervenção.

No momento do “Tributo” – em que sagazmente se intercala a história de Carlos Paredes com intervenções suas e dos colaboradores mais próximos da sua vida pessoal e musical com música ao vivo – o jovem virtuoso da guitarra portuguesa, Victor Castro, superiormente acompanhado por Paulo Cunha, prenderam a total atenção do público, na interpretação de peças compostas e/ou tornadas célebres pelo homenageado: Acção, Dança palaciana, Canto de amor, Dança, Canto de embalar, Melodia n.º 2, Dança dos camponeses, Valsa, Danças portuguesas n.º 1, Movimento perpétuo, Canção, Variações sobre o Mondego, Verdes anos e Divertimento.


O écrã onde, entre melodias, se contou a vida de Mestre Carlos Paredes

No final, o público não se cansou de aplaudir de pé os dois executantes: Victor Castro – natural de Angra do Heroísmo onde nasceu em 1977, professor de guitarra clássica no Conservatório Regional da cidade que o viu nascer – e no Centro Comunitário do Comando Americano da Base Aérea n.º 4, das Lajes, dando ainda aulas de viola da terra em diversos centros recreativos da Ilha Terceira; e Paulo Cunha, outro nativo de Angra do Heroísmo, onde viu pela primeira vez a luz do dia em 1973. Licenciado em arquitectura iniciou o seu estudo na viola da terra no conservatório terceirense. Depois de um percurso eclético, que vai do jazz ao rock participou como baixista na “Opereta Dia de São Vapor” de Luís Bettencourt. Em finais de 2004, juntamente com Victor Castro na guitarra portuguesa, dá início ao ambicioso projecto que foi este “Tributo a Carlos Paredes”.

Ainda com os ouvidos cheios de música, toda a gente rumou ao restaurante “Papagaio Amarelo” para um jantar de confraternização e despedida, cujos generosos anfitriões foram Luís Noronha e Miguel Noronha. E na hora da despedida, transpareceu a vontade irredutível de nos voltarmos todos a encontrar, cada um nas suas funções específicas, noutro local qualquer da Diáspora Açoriana ou na Mãe-Pátria da nossa ancestralidade comum.


Parque Nacional dos Lençóis do Maranhão

Capricho da Natureza: um deserto cravejado de lagoas pristinas
- fenómeno brasileiro entre o Atlântico e a Amazónia

Sexta-feira, 12 de Maio de 2006 – Porque é que a gente tem sempre de se levantar cedo no primeiro dia de folga após o trabalho? Ter, não tem. E o escriba destas linhas resolveu facilmente o problema: não foi sequer à cama como o Zé fez, que é homem avisado. Acontece que o escriba foi a uma sessão de reggae a céu aberto, com centenas de pessoas num recinto que nos pareceu mais um estádio de futebol – se calhar até era –, mas os vapores da tiquira são mesmo deturpadores para uma visão normal, quanto mais a de um zarolho...


A Toyota 4x4 mais chocalheira que já se viu...

Este foi o dia que marcámos para uma excursão ao incontornável Parque Nacional dos Lençóis do Maranhão, a tal combinação única de deserto e lagoas pristinas, com uma área de 1.150 km2, com 270 km de perímetro, equivalente ao tamanho da cidade de São Paulo. Cerca de 70% de todo o espaço é somente areia, enquanto os 30% restantes são formados por vegetação nativa de cerrado e restinga. Curiosamente, permanece verde o ano todo apesar das mudanças de estação.

Chover muito este ano em todo o litoral do Maranhão é a garantia de que o espectacular ciclo da natureza se renovará no Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, que ocupa quase toda a parte ocidental da costa do Estado, desde o Golfão Maranhense até a foz do rio Preguiças. Depois das chuvas, as lagoas estarão cheias e cristalinas transformando o único deserto brasileiro em um grande oásis natural. E o período da reprodução das espécies e é quando a beleza dos Lençóis se torna mais deslumbrante. Para compreender essa beleza é preciso ir lá, não é fácil defini-la. As dunas de areias branquíssimas que mudam de forma, altura e lugar, envolvidas pelo vento que sopra do mar, parecem "imensos lençóis abandonados distraidamente pela cama". Entre as dunas, que se estendem por uma área de 155 mil hectares, entre os municípios de Barreirinhas e Primeira Cruz, incontáveis lagoas verdes e azuis fazem dos Lençóis a própria imagem do paraíso terrestre. Durante a seca, a maioria das lagoas evapora-se.


Quem não cabe na piroga... atravessa o Rio Preguiças a nado!

Ninguém ainda estudou a fundo esse fenómeno. Acredita-se que o vento traz a areia do fundo do mar e faz avançar as dunas continente adentro, até 50km da costa. Há quem defenda que toda a região, em épocas remotas, era uma grande floresta tropical. Certo mesmo é que os Lençóis Maranhenses não se enquadram na definição clássica de deserto – na região chove 300 vezes mais que no Saará – e os ares desempenham aparente papel fundamental na reprodução das espécies. Durante boa parte do ano as lagoas são ricas em peixes e camarões, que migram para os rios e lagos quando as águas secam.

Os Lençóis Maranhenses foram transformados em Parque Nacional em 1987, por ser uma área com excepcionais atributos da natureza e vocação natural para o turismo ecológico. A região vizinha ao Delta do Rio Parnaíba, é outro espectáculo de rara beleza, com mais de 80 ilhas, dunas e manguezais. O Governo do Estado tem planos para o desenvolvimento sustentado do turismo nas duas áreas, mas aguarda ainda a construção da Translitorânea, de Morros (MA) a Parnaíba (PI), que ligará o litoral maranhense às outras capitais nordestinas. O asfalto deverá ficar a 40km das dunas, procurando-se, preservar a integridade dos Lençóis. A previsão é de que a obra, que terá aproximadamente 400km, esteja concluída até o final do próximo ano.


Os Lençóis vistos do ar, entre São Luís e Fortaleza

Quando vistas de cima, tal como o Zé Ferreira as fotografou durante o voo entre São Luís e Fortaleza, no dia seguinte, as dunas parecem um gigante lençol tremulando ao sabor do vento sem que se possa esticá-lo.

O portal de entrada para os Lençóis é o município de Barreirinhas. São 260 km pela BR-402, a partir de São Luís, totalizando pouco mais de três horas de viagem. O piso está em boas condições, mas não conta com qualquer tipo de iluminação. Viajar à noite, como nos apercebemos no regresso a São Luís, requer atenção redobrada, sobretudo para não embater numa das muitas vacas que atravessam a estrada.


Desembarque da balsa em Barreirinhas

A cidade de Barreirinhas é tipicamente um povoado de roça que hoje atravessa uma intensa fase de obras para melhorar a urbe. Estão sendo instalados equipamentos de água e esgoto, reformando o aeroporto para pequenas aeronaves e construído um trecho de 96 km de estrada que vai ligar o município a Parnaíba, facilitando o acesso para o turista interessado em fazer o roteiro turístico completo.

Do município até os Lençóis são mais 40 minutos de jipe ou jardineiras (Toyotas Bandeirante adaptadas), por uma picada de areia, que fazem os tripulantes ‘chocalhar’ muito. Para chegar ao parque das dunas, o veículo também atravessa o rio Preguiças sobre uma balsa bem primitiva mas fascinante. Como condição (bem) imposta pelos esforços de preservação, os jipes não podem mais percorrer as dunas. Todas as trilhas são feitas a pé.

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A "picada" para os Lençóis do Maranhão - Pontes precárias

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